Advogar É Abdicar De Qualquer Senso De Ética E Moral Pessoal


Mas afinal de contas, o que é ética e o que é moral?

Ambos possuem vastos conceitos, definições e aplicabilidades para diferentes áreas de atuação. Embora todos sirvam à um propósito: manter o profissional na linha da honestidade e obrigação de um bom trabalho.


Enfim...

Se fizermos uma pesquisa rápida, verificaremos que a MORAL, em tese, são aquelas regras básicas da sociedade, ou seja, costumes criados com o passar dos séculos e que se perpetuaram à título de determinar o que é “bom” e o que é “mau” de forma generalizada.

Enquanto isso, ÉTICA é a aplicabilidade cotidiana das regas impostas pela sociedade. Logo, se faz a moral, se aplica a ética.

E o Direito? Onde se encaixa?

Sabe-se que aquele que procura um profissional deste ramo enfrenta um problema a ser resolvido. Todavia, nem sempre estamos lidando com quem SOFREU o problema e sim, quem o CRIOU.

Desta feita, se faz mister aplicar o artigo 5º, inciso LV da Constituição/88:
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”

O famoso Princípio Jurídico do “Contraditório e Ampla Defesa”!

Significa dizer que não cabe a nós, operadores do direito, julgar se nosso cliente esta certo ou errado, culpado ou inocente, ÉTICO OU IIMORAL. Não. Nada disso.

Advogar é abdicar desses pré-conceitos que criamos para analisar os amigos, familiares e vizinhos, pois quando estamos atendendo aquele caso de divórcio litigioso, não deve nos interessar quem traiu quem; ou então, quem deu o golpe do baú em quem. Logo, a curiosidade por “fofocas da vida alheia” deverá ser ignorada, nos obrigando a focar em um único fato: O QUE A LEI DETERMINA NOS CASOS DE DIVÓRCIO?

Embora o ser humano seja curioso por natureza nos levando a julgamentos internos da vida alheia, o Advogado deve se doutrinar a encarar cada caso como um objeto inanimado e desprovido de sentimentos. Apenas como uma caixa aberta e pronta para receber informações úteis e solucionadoras. Mesmo porque, é para isso que o cliente procura o profissional, para soluções.

Infelizmente, emoções e sentimentos no Direito tendem a prejudicar o profissionalismo que ali deverá ser aplicado.

Supondo que estejamos lidando com um caso simples de EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS EM FUNÇÃO DA MAIORIDADE LEGAL ATINGIDA PELO ALIMENTADO. O Alimentante procura o profissional para cessar os alimentos. O que devemos fazer?

1 – Julgá-lo e dizer: “ Que absurdo. Filho é para a vida inteira. Sua obrigação é eterna!”;

2 – Não pegar o caso sob o pretexto: “ Não concordo com sua forma de agir, pois acredito que se colocou no mundo, deverá sustentá-lo para sempre”;

3 – Nada a dizer, apenas ler a legislação e aplicar aquilo que é expressamente previsto, INDEPENDENTE DO SEU ENTENDIMENTO PARTICULAR E ÍNTIMO.

Muito bem, caros colegas, se escolheu a opção “3”, você entendeu como funciona advogar!

Não lhe interessa se o alimentante é ou não boa pessoa, se sempre ajudou seu filho ou não, se, sequer, deu as caras no dia que nasceu. Apenas que a lei determina direitos e deveres a serem cumpridos: obrigação do alimentante prover alimentos até a maioridade ( ou até o fim dos estudos); direito de exoneração quando completar a maioridade (ou os estudos).

Seu julgamento ético e moral frente as demandas que adentram a sua porta deverá ser ignorado enquanto seu profissionalismo se aplica àquilo que a lei determina. Nada mais.

Deixemos a compaixão, a pena e o coração fora do horário de expediente, nos apegando tão somente aos códex, tratados, leis e demais ferramentas que nos guiam durante as peças de acusação e defesa.







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